Rocky Balboa

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Rocky Balboa é aquele sujeito pacato, de fala mansa, olhar caído, boca torta e dono de uma força de vontade e uma fibra descomunal. Essas normalmente são as características mais marcantes dos personagens que o Sylvester Stallone interpreta no cinema. A fórmula é batida, mas na minha opinião incrivelmente empolgante. Stallone é muito desacreditado e sempre foi motivo de piada dos críticos. Para a surpresa de muitos o roteiro do primeiro Rocky foi todo escrito por ele, após assistir uma luta entre Muhammad Ali e Chuck Wepner, um lutador desconhecido na época. Ele teve a ideia e colocou no papel em apenas cinco dias. Agora me digam seus cretinos idiotas, o que vocês já fizeram em cinco dias que arrecadou 225 milhões de dólares por todo o mundo, levou três estatuetas do Oscar e se tornou um ícone para várias gerações? A maioria dos críticos demora esse tempo todo tentando limpar a própria bunda. E não tenho certeza se são capazes de fazer isso com muito sucesso. 


O fato é que vários personagens desse cara são fantásticos, mas o meu preferido sempre foi o garanhão italiano. Um lutador que simplesmente não aceita seu destino. Um herói bonachão que faz suas próprias regras e não leva desaforo pra casa. Tem como não se empolgar ao ver o treinamento de Balboa embalado por “Gonna Fly Now"? Diabos, eu tenho vontade de levantar e esmurrar alguém na hora. Por isso não costumo assitir o filme acompanhado. Evito processos ou uma surra, huh? Rocky apanha muito também, apanha muito mesmo! Mas derruba os caras mais casca-grossa do cinema. Na lista estão os pesos pesados: Apollo Creed, Thunderlips (Hulk Hogan), Clubber Lang (Mr. T.), Ivan Drago (Dolph Lundgren), Tommy Gunn, onde ele deu uma surra no estilo das ruas, com direito a rasteiras do jogo Street Figther. E por fim Mason Dixon no último filme, que se tornou o meu preferido da série. Mesmo parecendo forçação de barra a ideia de um sujeito velho entrar numa briga contra um campeão no auge.


Tenho visto rolar muito pelas redes sociais o vídeo onde Balboa fala com o filho sobre a vida e que não se trata de bater duro, mas do quanto você aguenta apanhar e seguir em frente. Acho essa cena ótima, mas não é bem essa que me emociona de verdade. O que me toca é ele dizer pro seu cunhado que ainda tem coisas guardadas no porão e que às vezes é difícil respirar. Que existe uma fera adormecida dentro dele e que ele nunca soube que seria tão difícil, que não era para ser assim. O que eu acho foda é o fato de Balboa enfrentar isso de cara limpa e sem medo. E quando o seu filho no canto do ringue lhe encoraja dizendo para ser forte. Que todos o achavam uma piada, inclusive ele mesmo, mas que ninguém mais estava rindo. Rocky apela pra boa e velha força bruta. Porque tem que ter muita força, tem que ter uma boa guarda, tem que saber bater para que esses demônios interiores se arrependam a vida toda de terem nascido. E toda vez que ele acertar um soco eles sentirem como se um caminhão estivesse passando por cima. Até se livrar de tudo de ruim que está escondido no tal porão. Exorcizar de vez esses sentimentos ruins e poder erguer as mãos para o alto como um vencedor, mesmo tendo perdido a tal luta de apresentação.   


Um dia perguntaram para o Stallone sobre o que se tratava a história do Balboa, se era sobre superação ou a saga de um homem contra o seu destino? E ele respondeu que não era nada disso. Ele definiu tudo simplesmente como a história de amor entre Balboa e Adrian. E se prestarem bem atenção é verdade. No meio de tanta pancadaria, sangue, suor e lágrimas só existe um homem apaixonado tentando dar o seu melhor para a mulher que ama. Como o narrador diz no filme: Bem vindos ao mundo do Rocky.